quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

QUARESMA: TRAVESSIA PARA A PÁSCOA!


A Quaresma só é bem entendida e vivida, quando de fato está ligada à Páscoa na visão teológico-pastoral, especialmente, do Pe. José Bortolini. São os dias em que se prolongam da Quarta-feira de Cinzas até a Quinta-feira Santa, antes da Missa da Ceia do Senhor e Lava-pés. Ao todo esses 40 dias simbolizam os 40 dias que Moisés ficou na Montanha; outros 40 dias de caminhada de Elias para chegar à Montanha, além dos 40 dias de jejum de Jesus no deserto...  O início e término quaresmal não é algo estático e fixo, mas dinâmico e circular na dependência do calendário litúrgico e civil, sob a influência do ciclo lunar e das estações do ano. Ou seja, Quaresma é travessia do nada para o tudo, do sofrimento para a libertação, do pecado para a graça, da morte para a ressurreição.
A Quaresma na igreja tem ligação com outros acontecimentos naturais e sobrenaturais, sobretudo a preparação dos catecúmenos ao batismo e às práticas penitenciais. Por exemplo, já nos Séculos II e III promoviam-se alguns dias de penitência na semana que antecedia a Páscoa. Enquanto no Século IV usava-se o termo quarentena penitencial, como forma de se recolher em oração e silêncio para escuta de Deus e vivência do Evangelho explicitado nas Bem-aventuranças. 
Atualmente, a Igreja incentiva apenas dois dias de penitências, para que os fiéis se solidarizem com os sofrimentos de Cristo e dos Pobres, através da Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa, com o jejum e a abstinência de carne. Mas, por algum motivo de saúde ou idade, se houver dificuldades em vivenciar essa orientação religiosa, a CNBB diz que “a abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente, pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia”. Já as cinzas que recebemos na cabeça, com apelo à conversão em reconhecimento da nossa condição de fragilidade e pequenez, se inspiram nas tradições veterotestamentária e neotestamentária, focadas nas figuras chaves de Abraão, a promessa de Deus (Gn 18,12), e de Jesus, a realização do Reino de Deus (Mc 1,15).
Enfim, a quaresma é tempo forte de conversão do “eu” para o “nós”. Ela mistura nossos amores em meio ao silêncio da boca e ruídos do coração, para que no outro lado dessa travessia estejamos mais puros, transparentes e bonitos à luz do ressuscitado. Ela nos ensina que a oração, penitência e caridade vão trabalhar nosso corpo, alma e espírito, a exemplo do Bom-samaritano. Os recomeços sempre nos motivam a nunca desistir dos ideais, porque Jesus sempre vem nos visitar e caminhar conosco.  Se, de fato, exercitarmos essa unidade existencial, espiritual e social, ficaremos “sarados” de nossas dores e feridas, porque diminuiremos a violência verbal ao próximo e assumiremos o meio ambiente como nossa “Casa Comum”.
Pe. José Geraldo de Souza, CSsR. (Reitor)
(Assessor Espiritual dos MLR)



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