quarta-feira, 1 de outubro de 2014

OUTUBRO: MÊS MISSIONÁRIO OU MÊS DAS MISSÕES


Somos chamados a ser...


Se pesquisarmos o significado da palavra missão, encontraremos algumas definições, como: “A missão é a razão principal da existência da comunidade de fé”, “Ato de enviar ou ser enviado”, ou ainda “Encargo, incumbência, desempenho de um dever”.
A verdade é que, independentemente dessas definições, com frequência nos vemos diante da seguinte questão: - Qual será a nossa missão neste mundo?
Acredito que a missão primeira de todo cristão, de todo missionário, é amar. Com amor e por amor, acolhemos a necessidade do próximo e nos colocamos a serviço.
Ser um missionário não é privilégio de poucos, todos os batizados são chamados a ser discípulos missionários e a se tornarem  no mundo um Evangelho vivo. Por isso, anunciar o Evangelho é um compromisso de toda a comunidade que vive e transmite a sua fé. Devemos levar Cristo ao irmão através da oração, da Palavra e, sobretudo, das atitudes que revelam o Cristo em nós.
    Para tanto, é preciso calçar as sandálias da humildade e olhar para o lado, ali existirá sempre alguém precisando de nós. E, para colocar-se a caminho, não é preciso desbravar montanhas ou viajar quilômetros. Para “estar em missão” basta realizar a difícil viagem de sair de si e ir ao encontro do outro - carente, diferente, marginalizado -, basta fazermos bom uso dos dons que Deus nos deu, descobrindo no próximo o verdadeiro sentido da vida.
“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5,13-16)
Somos chamados a ser sal e luz. O primeiro é aquele que dá sabor e o segundo é aquela que ilumina. Sejamos, pois!
Fica então, para cada um de nós, a seguinte reflexão: como eu posso ser missionário em minha casa, no trabalho e na comunidade em que vivo? 

Cátia Regina E. Costa
MLR/Rio

quinta-feira, 31 de julho de 2014

POR DIAS MELHORES, COM SANTO AFONSO





 Viver implica em manter-se num processo de aprendizagem constante e, parafraseando Cora Coralina, “isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar...”.

Segundo dados divulgados recentemente pela Organização Mundial da Saúde, a expectativa de vida aumentou em média seis anos no mundo todo. Entre outros fatores, a consciência em busca de uma melhor qualidade de vida contribui para que as pessoas hoje vivam mais e melhor.

Em geral, essa qualidade de vida está relacionada à autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, além do estilo de vida e da satisfação com atividades diárias e o ambiente em que se vive.

Sendo assim, estar preparado para as grandes mudanças, decorrentes de uma idade mais avançada, é de suma importância para a saúde em todos os aspectos: físico, social, psíquico e espiritual. Momentos de lazer, interação social e desenvolvimento de atividades colaboram para uma rotina ativa e saudável.

A vivência da espiritualidade em comunidade também pode colaborar para uma qualidade de vida melhor.

Um exemplo bem próximo a nós está na Paróquia Santo Afonso. A Pastoral da Terceira Idade, por meio do fortalecimento na fé e da participação em atividades diversas, tem proporcionado aos idosos o convívio social e a capacidade para estabelecer novos laços de amizade, mantendo distante o fantasma da solidão.

Não por acaso, muitos idosos se identificam com o padroeiro, Santo Afonso Maria de Ligório, que, em seu livro “Memórias de Outono”, descreve algumas dificuldades encontradas por ele em sua idade já avançada:

"Anos atrás, quando eu podia assumir meia dúzia de compromissos ao mesmo tempo, meus amigos me diziam que eu devia escrever minhas memórias. Eu achava isso engraçado e dizia: “Se quando eu ficar bem velhinho, preso a uma cadeira de rodas e sem nada a fazer, é bem isso que vou fazer”.

Bem, aqui estou eu, preso a uma ca­deira de rodas. Velho mesmo; oitenta e três anos! Nasci em 1696. E quanta coisa aconteceu no decorrer desses anos! Interessante.., lem­bro-me até dos pormenores desses anos todos. Mas, agora, nem me lembro o que me serviram para o café da manhã. Também não posso mais assumir todos os compromissos de outrora.[...]"

Nesse contexto, considerando as vivências deste homem, Afonso, idoso, surgiu em nossa igreja a ideia de torná-lo referência para os anciãos de nossa paróquia. 

 No dia 31 de julho, em celebração solene, nosso santo foi reverenciado, junto à comunidade, para que todos, principalmente os idosos, tenham nele um prestimoso intercessor, inspiração de alguns MLR de nossa unidade. 
Você também é convidado a viver dias melhores com Santo Afonso, conhecendo sua vida e suas obras. Venha Participar!
Cátia Regina E. Costa

MLR-Rio


SANTO AFONSO E A TERCEIRA IDADE





  Aquela mulher, como fazia sempre antes de ir ao supermercado, dirigiu-se à Igreja Santo Afonso. Naquele dia trazia agarrado às suas mãos o seu filho menor. Ele já tinha completado dez anos. Ela entrou na igreja com seu olhar voltado para o sacrário. Pediu a Jesus por ela, pelo marido, pelos filhos. Agradeceu o dia anterior e colocou nos braços do Pai o novo dia que já tinha começado. Encaminhou-se para o altar de N. S. do Perpétuo Socorro e só lhe disse: Mãe, você sabe tudo de que preciso hoje, porque você é Mãe como eu sou. Virou-se depois para seu filho e falou baixinho: você reclama que só tem avó, pois hoje vou apresentar-lhe o seu avô. E no altar lateral apontou para Santo Afonso: este agora é o seu vovô. Todas as vezes que você precisar dele, é só rezar e pedir. O menino olhou a imagem com curiosidade: mãe, não é que este velhinho é simpático. Qual é o nome dele? Santo Afonso, ela disse, guarda bem esse nome.

Costuma-se ver Santo Afonso como fundador dos redentoristas, advogado, missionário, escritor, pintor, músico. Esquecem, porém, que ele também envelheceu e passou dos noventa anos. Conheceu todas as consequências da idade e as suas limitações. No final da vida teve que viver numa cadeira de rodas. Foi cadeirante. Um Irmão era seu  acompanhante, para ajudá-lo a se  vestir, a colocá-lo e retirá-lo da cadeira de rodas e outras necessidades. Por não poder mais preservar a sua privacidade e intimidade, chegou a afirmar: a maior indignidade da vida é a velhice. Estas palavras nos lembram as de Jesus, quando alertou a Pedro: "Na verdade, na verdade, te digo: quando eras jovem, cingias-te a ti mesmo e ias aonde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e um outro te cingirá e te levará para onde não queres". (Jo 21,18)

O Papa Francisco afirma que lhe chama a atenção o fato de que o quarto mandamento seja o único que abriga uma promessa: "Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá." E continua:  "na medida em que o tenha recebido com honra, Deus vai abençoá-lo com uma velhice. Isso mostra a mentalidade de Deus perante a velhice. Deus deve amar muito a velhice, porque se esmera em bênçãos a quem é piedoso com seus pais."

Santo Afonso, nós te escolhemos como o padroeiro da terceira idade e te pedimos: intercede por todos os idosos, para que sejam respeitados nas suas limitações!

José Adriano Gonçalves
MLR/Rio

RENOVAÇÃO DE COORDENAÇÃO





          No sábado, dia 26 de julho, as missionárias Cátia Regina e Ângela Maria, se despediram do serviço de coordenação da Confraria dos Missionários Leigos Redentoristas, dando início à reunião para eleição de uma nova equipe de liderança. Ambas estiveram à frente do grupo de 2012 a 2014.

A abertura aconteceu com a apresentação de um vídeo, em agradecimento pela caminhada e a união do grupo durante estes dois anos. Em seguida, aconteceu a votação que contou com a presença dos 14 missionários leigos e do Assessor Ir. Pedro Magalhães Gomes, C.Ss.R.

Com a maioria dos votos, foram eleitas as missionárias Cléo e Esmeralda para assumirem a nova gestão.

Ao final da reunião, os missionários se confraternizaram, comemorando também os aniversariantes do 1º semestre.

Avante, missionários!

“Fortes na fé, alegres na esperança, fervorosos na caridade, inflamados no zelo, humildes e sempre dados à oração” (Const. 20)


Cátia Regina
MLR/Rio



segunda-feira, 26 de maio de 2014

VIVER A SERVIÇO DO REDENTOR





       No dia a dia, costumamos planejar novas ações, com a finalidade de cumpri-las, metas que desejamos atingir, sonhos a serem realizados. Todo nosso agir ressoa no universo, em um caminho que ainda não está pronto; está em construção permanente. Precisamos, porém, estar atentos, pois nossas escolhas sempre passam por outra via – o nosso próximo, o outro.
    Está-se iniciando, em nossa paróquia, um marcante projeto. Santos e Beatos Redentoristas passam agora a nomear as salas da igreja. São homens de fé e de coragem, mas pessoas simples como nós, que levaram à frente o projeto de Deus, seguindo os passos  do Santíssimo Redentor, marcando a vida da Igreja e do Povo de Deus em diferentes épocas.
      Com esse projeto, o que se quer é, além de divulgar os Santos e Beatos Redentoristas, representar a nossa pertença a uma comunidade. Somos parte de algo maior, que nos faz sair de nossos pequenos mundos e nos engajar num verdadeiro projeto de amor. Afinal, somente o amor pode realizar grandes mudanças – ele nos une como comunidade e nos dá força e determinação para repassar, a todos com quem convivemos, a alegria de viver a serviço do Redentor. 
     A iniciativa de nomear as salas da igreja com o nome de nossos santos e beatos redentoristas foi bem acolhida pela comunidade, e coube aos Missionários Leigos Redentoristas a execução do mesmo. São as sementes do Evangelho jogadas por Santo Afonso que continuam a germinar... e é nesse caminho da espiritualidade afonsiana que procuramos seguir os passos Jesus. Nossos Santos e Beatos, com seus exemplos de fé e perseverança, nos inspiram a nos dedicarmos de verdade a esse seguimento. 
     A nomeação das salas ocorreu no domingo, dia 25 de maio, após a  celebração eucarística das 16hs, que foi presidida pelo pároco Padre Luís Carlos.
Que o Amor do Redentor continue nos inspirando a fazer a diferença no mundo em que vivemos!
                                                                    Cléo Tavares Gurgel- MLR/RJ


domingo, 4 de maio de 2014

MARIA, O QUARTO PILAR DA CONGREGAÇÃO REDENTORISTA



Já faz alguns anos que liguei a televisão e vi pessoas correndo. Um prédio de vinte andares, no centro da cidade do Rio de Janeiro, estava desabando e causou vítimas. Ao ruir, provocou a queda de dois prédios menores, adjacentes. Tudo leva a crer que obras num determinado andar foram realizadas, retirando pilares de sustentação do prédio. E como são fundamentais os pilares na construção de um edifício e de uma instituição...

A fundação da Congregação Redentorista por Santo Afonso nasceu de uma revelação divina. Mostrou-se Nosso Senhor Jesus Cristo à Venerável Madre Maria Celeste Crostarosa, na luz da glória, e Pe. Afonso de Ligório presente. E o Senhor disse à religiosa: "esta alma é eleita para chefe deste meu Instituto; ele será o primeiro Superior na Congregação dos homens". E a religiosa viu em Deus esta obra já feita e realizada. Santo Afonso tomou conhecimento deste convite divino e rezou muito antes de dar o seu sim. Ao aceitá-lo, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, dedicada aos preferidos de Jesus: os mais pobres, os mais abandonados e discriminados pela sociedade. Para que essa Instituição fosse viável e pudesse resistir às tempestades das heresias reinantes e futuras, teria que ser bem alicerçada. O Santo estabeleceu quatro pilares evangélicos: a Encarnação, a Paixão, a Eucaristia e a Virgem Maria, tendo como símbolos: o Presépio, a Cruz, o Pão e o Rosário. São pilares pautados no amor misericordioso do Redentor e da Mãe Celeste. Cabe à comunidade redentorista e a todos nós que partilhamos do mesmo carisma manter firmes as quatro colunas.

Maria, num gesto concreto de amor, colocou-se à disposição da Congregação, sob mais um símbolo, o ícone do quadro de N.S. do Perpétuo Socorro. Os redentoristas abraçaram esta devoção e responderam ao apelo da Mãe, por meio da novena perpétua, para que os doentes, marginalizados, excluídos e necessitados pudessem ser atendidos pela Mãe de ternura.

Maria tem que ser também um dos pilares de nossas vidas. Fica o recado de Santo Afonso: o verdadeiro devoto de Maria não se perderá nunca, e ela estará sempre presente na nossa caminhada terrena até os últimos instantes. A escolha é sua!  

José Adriano Gonçalves - MLR/Rio

segunda-feira, 28 de abril de 2014

DOZE ANOS DE CAMINHADA MISSIONÁRIA

Mais um dia de alegria, partilha e companheirismo – dia 27 de abril. Nesta data, completamos 12 anos de caminhada, lado a lado com a Congregação Redentorista, seguindo os passos de Santo Afonso.

Comemoramos o aniversário de nossa unidade na celebração das 16h, Dia da Divina Misericórdia, presidida pelo nosso pároco, Pe. Luís Carlos de Carvalho, e animada pelo nosso estimado assessor, Ir. Pedro Magalhães.

Nossa caminhada tem sido abençoada com projetos missionários no entorno da Santo Afonso (missas na comunidade, visitas missionárias, atividades comunitárias paroquiais), além de reuniões de formação, presença na mídia paroquial (jornal, site...), celebrações dos Santos e Beatos, parceria constante com a COMIPA, visitas da Capelinha Vocacional na casa de dos MLR e da comunidade paroquial... Enfim, todo um movimento missionário elaborado no início do ano, para que nossa confraria cumpra o que lhe foi concedido pelo Redentor... evangelizar e levar aos irmãos de nossa comunidade a Espiritualidade Redentorista.

Desejamos incrementar, mais ainda, a cultura missionária e uma ação evangelizadora, segundo o carisma afonsiano, em nosso espaço geográfico, em parceria com outras pastorais e, também, com a COMIPA. Estamos avançando no nosso discipulado missionário, na comunhão e complementariedade de vocações, pela partilha e continuidade formativa do grupo.

É nosso propósito, também, numa ação permanente na Igreja Santo Afonso, ajudar as pessoas a descobrirem, assumirem o seu espaço na igreja e realizarem a própria missão de serviço onde forem chamadas.

Que os Santos e Beatos Redentoristas nos projetam e nos impulsionem à missão.

PARABÉNS, MISSIONÁRIOS!

Nair Pimenta

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Celebração da Capela Vocacional Itinerante









No dia 06/04, domingo, às 17h, tivemos em nossa paróquia um momento especial – a Celebração da Apresentação da Capela Vocacional. Como estamos vivenciando o Ano de Promoção da Vocação Missionária Redentorista, em todos os países, a Província do Rio elaborou uma cerimônia para que todas as unidades a realizassem.

Em nossa paróquia, o evento foi animado pelo Ir. Pedro Magalhães, C.Ss.R., e presidida pelo Pe. Luís Carlos de Carvalho, C.Ss.R.

A celebração contou com a participação dos MLR – Missionários Leigos Redentoristas -, da COMIPA – Comissão Missionária Paroquial e a JMR - Juventude Missionária Redentorista nas dinâmicas, dando destaque à Capelinha Vocacional e às leituras próprias para o dia. Jovens e MLR anunciaram, à assembleia, com firmeza, os quatro tipos de vocação: sacerdotal, religiosa, matrimonial e laica.

Tanto o Ir. Pedro Magalhães quanto o Pe. Luís Carlos enfocaram a dimensão da vida dos consagrados, padres e irmãos, e de todos aqueles que se alimentam do carisma redentorista - do “jeito redentorista de ser”. 

O convite foi ratificado: “Vem e segue-Me!” Desta maneira, homens e mulheres são chamados a seguir o Redentor, a Copiosa Redenção, a anunciar o Reino de Deus. E, assim, realizar o projeto missionário a todos os cantos. “Grande é a messe, mas poucos são os operários para a sua messe.” (Lc 10,2)

O Pe. Luís Carlos lançou a proposta de uma peregrinação pelas residências, condomínios ou em ruas, com uma missa ou um momento de oração, para construir no entorno da Santo Afonso uma caminhada vocacional em sintonia com os Redentoristas.

Um momento especial, ao final da celebração foi a adoração ao Santíssimo e o envio da capelinha. A partir daí, quem desejar ter em receber a visita da Capela Vocacional, deverá deixar nome e telefone para marcação.

Como os Missionários Redentoristas, devemos ser fortes na fé e alegres na esperança.

“Fortes na fé, alegres na esperança, fervorosos na caridade, inflamados no zelo, humildes e sempre dados à oração, os Redentoristas, como homens apostólicos e genuínos discípulos de Santo Afonso, seguindo contentes a Cristo Salvador, participam de seu mistério e anunciam-no com evangélica simplicidade de vida e de linguagem, pela abnegação de si mesmos, pela disponibilidade constante para as coisas mais difíceis, a fim de levar aos homens a copiosa redenção.” (Const.20)

Nair Pimenta – MLR/Rio

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A VIA-SACRA




      Existe em Jerusalém uma rua que se chama “Via Dolorosa”. É o caminho que todo grupo de peregrinos faz questão de percorrer levando uma grande cruz, que cada qual carrega numa parte do trajeto. Pouco importa se é preciso atravessar o movimentado sukh árabe, mercado de ruas estreitas, em meio à indiferença e ao desrespeito. Foi por aí que passou Jesus andando penosamente os 500 metros que separam o pretório de Pilatos do Calvário. Enquanto a gente vai pisando as pedras molhadas com seu suor e sangue, vai meditando e revivendo o Mistério Pascal, centro de nossa fé, chorando os pecados como Pedro, aprendendo a ser solidário como o Cireneu e a Verônica, abrindo-se como o Bom Ladrão à fé no Messias sofredor, para estar junto à cruz como Maria e o discípulo amado, e ali acolher com eles a Palavra que salva, o Sangue que purifica, o Espírito que dá a vida.     

       Os peregrinos que desde os primeiros séculos visitaram os Lugares Santos da Paixão, voltavam para suas terras com o desejo de reproduzir em suas próprias igrejas aquele caminho que tinham percorrido em Jerusalém. Daí nasceu a Via Sacra, ou “Caminho Sagrado”, em torno do século XIII, tempo de São Bernardo e São Francisco de Assis. Quando se estendeu a toda a Igreja do Ocidente, no século XV, era ainda variável o número e o conteúdo das estações, sendo fixado definitivamente em 14, pelo Papa Bento XIV, no século XVIII. Recentemente acrescentou-se a décima quinta estação, para celebrar a Ressurreição de Jesus, complemento imprescindível da sua morte na cruz.

       Você já notou que, quando assiste na TV à Via Sacra do Coliseu presidida pelo Papa na noite de Sexta-Feira Santa, as estações não são as mesmas que nós conhecemos? Ele segue a chamada Via Sacra bíblica, que João Paulo II presidiu pela primeira vez no Coliseu no ano 1991. Esta Via Sacra substitui aquelas estações que não têm referência nos Evangelhos (as 3 quedas de Jesus, seu encontro com Maria e com a Verônica) por cenas descritas pelos Evangelistas. Mas ambas as formas, a tradicional e a bíblica, continuam em vigor na Igreja.

         Aqui está um quadro comparativo para você entender as diferenças:


Via Sacra tradicional                                     Via Sacra bíblica



1. Jesus é condenado à morte                        1. Jesus no Horto das Oliveiras

2. Jesus recebe a cruz para carregar            2. Jesus traído por Judas e preso

3. Jesus cai pela primeira vez                        3. O Sinédrio condena Jesus

4. Jesus encontra sua mãe Maria                  4. Pedro nega Jesus três vezes

5. O Cireneu leva a cruz de Jesus                  5. Jesus é entregue a Pilatos

6. Verônica enxuga o rosto de Jesus              6. Flagelação e coroação de espinhos

7. Jesus cai segunda vez                                7. Jesus recebe a cruz

8. Jesus consola as mulheres de Jerusalém   8. O Cireneu leva a cruz de Jesus

9. Jesus cai terceira vez                                 9. Jesus e as mulheres de Jerusalém

10. Jesus é despojado das vestes                   10. Jesus é pregado na cruz

11. Jesus é pregado na cruz                          11. Diálogo com o Bom Ladrão

12. Morte de Jesus na cruz                            12. Maria e João junto à cruz

13. Jesus é descido da cruz                            13. Morte de Jesus na cruz

14. Jesus é sepultado.                                    14. Jesus é sepultado.

                                                          

      A Via-sacra pode ser rezada durante todo o ano litúrgico, mas adquire um significado especial durante a Quaresma. E quando a realizamos caminhando, tomamos mais consciência de nossa condição de discípulos seguidores de Jesus.

       Em cada Via Sacra se reflete sobre os sofrimentos do nosso tempo e por isso ela nunca deixará de ser atual, pois toda dor da humanidade é continuação da Paixão de Cristo: “Onde sofre teu irmão, eu estou sofrendo nele”.

      Termino com duas perguntas. Você sabia que Santo Afonso, mesmo na mais extrema velhice, não deixava de fazer a Via Sacra diariamente, percorrendo em sua cadeira de rodas as 14 estações no corredor do convento?

     Você já viu, na Via Sacra da nossa igreja, que a figura de Maria está presente em todos os quadros, em todas as estações? Bela maneira com que o pintor Carlos Oswald retratou a constante participação da Mãe na obra redentora do Filho. Também nisto ela é modelo para todos nós, filhos seus.



Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.


quinta-feira, 13 de março de 2014

São Clemente Maria Hofbauer, propagador da Congregação Redentorista

 
São Clemente Maria Hofbauer foi o santo redentorista que difundiu a nossa congregação para o resto do mundo, cofundador da Congregação Redentorista, ao lado de Santo Afonso Maria de Ligório. Nasceu na região de Moravia - República Tcheca -, em 1751. Filho de uma família de poucas posses, perdeu o pai aos sete anos de idade. Sua mãe então lhe disse, aos pés do crucifixo: “Meu filho, a partir de agora, é ELE o teu pai. Cuida de andar sempre pelos caminhos que são do agrado dele”. A sua fé levou-o a ver na Espiritualidade Redentorista as bases necessárias para aplicar no seu dia a dia o amor a Deus e a seu irmão, levando-o a agir como um apóstolo evangelizador e missionário – como Deus queria que ele fosse.
Por ser pobre, teve dificuldades de entrar numa ordem religiosa e iniciar o seminário. Só aos vinte e nove anos, depois de ter sido padeiro em três lugares, entre eles o mosteiro dos Monges Brancos de Bruck, onde aprendeu Latim, e de ter vivido dois anos como eremita, obrigando-se a suportar rigorosos jejuns, duras penitências e longas vigílias de oração, encontrou duas senhoras distintas que financiaram seus estudos.
Estudou na Universidade de Viena – Áustria –, ficando frustrado com os cursos das matérias eclesiásticas, cheias de racionalismo e de outras visões e doutrinas questionáveis, mas manteve a sua fé na busca do sonho do sacerdócio.  Quando se ordenou padre, foi enviado a Varsóvia – Polônia –, sendo-lhe confiado a Igreja de São Beno, onde criou o abrigo “Refúgio Menino Jesus”, para meninos que viviam abandonados nas ruas. Pedia dinheiro nas ruas para manter o abrigo e continuar alimentando, vestindo e dando estudo e formação cristã aos meninos. Na época, Varsóvia atravessava um momento político religioso crítico e, devido à falta de boas escolas, as famílias ricas passaram a levar seus filhos para estudar no abrigo Menino Jesus, financiando, assim, a instituição.
São Beno tornou-se o centro florescente da igreja católica. No púlpito, Clemente falava o que o povo precisa ouvir. Pregava de tal modo que parecia conhecer os pecados das pessoas, fazendo-os experimentar a bondade de Deus e a viver conforme a vontade divina. Criou escolas que evangelizaram pobres e ricos e formou a “Associação dos Oblatos do Santíssimo Redentor”, em Varsóvia, hoje chamados Missionários Leigos Redentoristas. Tornou-se rico na evangelização dos pobres, mostrando para o mundo as diversas faces da pobreza.
A sua dedicação e seu trabalho na Espiritualidade Redentorista chegaram até o conhecimento do Papa Pio VII, que, por sua vez, influenciou o Imperador Francisco da Áustria e conseguiu que fosse criada a primeira Fundação Redentorista fora da Itália.
O que fez de Clemente Hofbauer um santo? Não fez nenhum milagre que nos deslumbrasse, nem teve visões ou êxtases para nos maravilhar. Teve até faltas - um temperamento alemão irritadiço, uma tendência a ser áspero. No entanto, se pudéssemos passar umas horas com ele, iríamos descobri-lo como um homem de uma fé excepcionalmente forte, de extraordinária calma e paz, com incansável zelo apostólico, que fazia da sua simplicidade a principal característica da sua santidade. Aceitava a vontade de Deus do jeito que ela vinha.  Fez todo o bem de que foi capaz. Levou uma vida de inocência e de serviço, dedicando-se a louvar a Deus e a levar os outros a servi-lo. Em 29 de janeiro de 1888, foi beatificado pelo Papa Leão XIII e canonizado, em 1909, pelo Papa Pio X. Foi indicado padroeiro de Viena, Áustria, pelo Papa Pio X, em 1914.
Pelo seu modo totalmente simples de se tornar santo, São Clemente Maria Hofbauer é um modelo para todos nós.
Esmeralda Pitanga e João Carlos – MLR/Rio

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Beatos Redentoristas - Testemunhos da Copiosa Redenção






Queridos irmãos e irmãs de caminhada, eis aqui uma breve abordagem a respeito dos beatos redentoristas, o que eles representam para a Congregação Redentorista e para nós que seguimos os passos de Jesus Cristo, segundo o carisma de nosso padroeiro, Santo Afonso.

Mas o que significa beato? Na Igreja Católica, é a pessoa aprovada num processo de beatificação, que vem a ser um dos passos para a canonização. Depois que a pessoa é beatificada, o papa autoriza a sua veneração pública. O beato pode ser canonizado depois da comprovação de um ou mais milagres atribuídos à sua intercessão. Antes, é designado Servo de Deus; a seguir, Venerável – duas etapas que antecedem a beatificação. Por último, vem a santificação, quando a pessoa é declarada digna de ser venerada e invocada por sua vida de santidade.

A Congregação Redentorista sempre teve a preocupação em transmitir e preservar a memória dos homens de fé que deram suas vidas pela Copiosa Redenção.

Até o ano passado, comemorávamos nove beatos, sendo quatro ucranianos, dois alemães, um tcheco, um holandês e um italiano. Em junho de 2013, o Papa Francisco beatificou mais seis, todos de origem espanhola.

Após as canonizações de Santo Afonso Maria de Ligório, São Geraldo e São Clemente, a Congregação iniciou o processo do beato Januário Maria Sarnelli, padre italiano que se dedicou ao aspecto social da espiritualidade redentorista, indo ao encontro dos discriminados - prostitutas, encarcerados -, doentes, idosos e crianças desvalidas. A partir daí, já no século XX, vieram mais oito beatos: os ucranianos e o theco, mártires do rito greco-católico.

Estes mártires, enfrentaram, no século passado, o regime duro e implacável da União Soviética, que perseguia impiedosamente os religiosos. O regime totalitário soviético e a propagação do ateísmo sacrificaram homens que defendiam os pobres, que não se conformavam com as atrocidades de um governo que não admitia qualquer forma de oposição às suas teorias. Todos sofreram torturas e interrogatórios exaustivos, isolamentos em campos gélidos na Sibéria e celas solitárias, que acabou levando-os a mortes trágicas.

Aqui na América Latina, no Suriname, vizinho ao Brasil, o beato Pedro Donders, é comemorado por sua missionariedade junto a negros escravos, índios e leprosos, símbolo de entrega ao projeto missionário de Santo Afonso e testemunho de um apostolado vivo.

Não diferente, durante a guerra civil espanhola - 1936/1939 -, religiosos foram mortos por ódio à Igreja, por membros do partido contrário, a Milícia da Frente Popular, ou Partido Republicano, apoiado pelo Comunismo russo. Na ocasião, a ditadura de Franco tinha o apoio da Igreja espanhola (e até do nazifascismo: bombardeio de Guernica!). Os seis religiosos redentoristas, recém-beatificados,  membros da comunidade de São Felipe de Cuenca, foram martirizados e levados à morte.

Há ainda mais de uma dezena de casos de mártires redentoristas em processo de beatificação.

Ao analisarmos toda a trajetória dos 281 anos da Congregação, esses valorosos homens, pelo “sim” ao Redentor, firmaram, com ardor missionário, o carisma afonsiano em diferentes culturas e situações sociais, proclamaram a Boa Nova até o final de suas vidas e tornaram se testemunhas do Evangelho.

Cátia Regina e Ângela Maria
MLR/Rio

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

CONHECENDO SÃO JOÃO NEPOMUCENO NEUMANN, SANTO REDENTORISTA



Este mês, apresentamos um resumo biográfico de São João Nepomuceno Neumann, quarto santo da Congregação do Santíssimo Redentor, que como todo redentorista, deu sua vida pela Copiosa Redenção. Ele nasceu em 28 de março de 1811, natural da Boêmia, atual República Tcheca. No dia 5 de janeiro, comemoramos o seu dia.

João Neumann foi despertado para a vida sacerdotal e fez toda a sua preparação para o sacerdócio em Budweiss, onde entrou para o seminário, esperando ser ordenado no ano de 1835. Entretanto, o bispo da região decidiu que não haveria mais ordenações, pois, naquela época, a Boêmia tinha excessivo número de padres. Como alternativa, o jovem João escreveu para bispos de toda a Europa, mas a resposta foi a mesma: em toda parte, ninguém queria mais padres. 

O chamado ao sacerdócio era muito forte, e as portas para seguir esta vocação pareciam fechar-se à sua frente. Depois de muitas negativas, ele decidiu escrever a bispos da América do Norte.  

São João Neumann, então, deixa sua terra e passa 40 dias a bordo de um veleiro.  Apesar de suas duvidas, ânsias e temores quanto ao futuro, ele, no entanto, confiava na Providência Divina. Chega, enfim, a Nova York, onde, aceito pelo bispo local, consegue ser ordenado em 1836,
Durante a sua formação, são João dedicou-se, por iniciativa própria, ao estudo de línguas. Em Nova York, assume uma paróquia pobre e passa boa parte do seu tempo em visita aos doentes e evangelizando. Sua missionariedade foi principalmente entre os imigrantes, que, além de abandonados e sofridos, eram hostilizados por serem católicos. 
Ele também tinha intenção de participar de uma congregação. Procura e encontra os redentoristas, que se dedicavam justamente aos pobres e abandonados. É aceito e ingressa na congregação, sendo ele o primeiro a entrar para Congregação na América do Norte. Fez seus votos em Baltimore, no dia 16 de Janeiro de 1842, aos 31 anos. 
Já como redentorista, viajando de cidade em cidade, ainda encontrava tempo para escrever artigos, em revistas e jornais católicos. Publicou dois catecismos e uma história da Bíblia para as escolas. Em 1847, foi eleito, pela Congregação do Santíssimo Redentor, Superior Geral nos Estados Unidos e, cinco anos mais tarde, aos 41 anos, foi nomeado 4º bispo da Filadélfia.
Apesar da saúde frágil, foi sempre um zeloso missionário, tanto na caridade como na esperança e na fé. Constrói a Catedral de São Pedro e São Paulo, mais 89 igrejas, funda um sistema nacional de escolas paroquiais e estabelece ordens religiosas. Ele teve uma vida breve, mas de muitas realizações, abrindo caminhos importantes na expansão do catolicismo norte-americano. Abnegado homem que não mediu esforços para o próximo, não esmoreceu e continuou sua atividade até o fim.
Vale destacar a sua participação na proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, ocorrida no dia 8 de dezembro de 1854, em Roma. Seu nome encontra-se numa das lápides na Basílica de S. Pedro.
No dia 5 de Janeiro de 1860, aos 48 anos, sofre um colapso numa rua de sua cidade, morrendo sem receber os últimos sacramentos. Foi beatificado pelo Papa Paulo VI no dia 13 de outubro de 1963 e canonizado pelo mesmo Papa no dia 19 de junho de 1977, numa cerimônia transmitida, pela primeira vez ao vivo, pela TV norte-americana. É considerado santo da igreja norte-americana, embora nascido em solo europeu. 
São João Neumann, rogai por nós!
Maria da Conceição Santos – MLR/Rio