sábado, 4 de julho de 2020

MEU SENHOR E MEU DEUS!


No encontro de Jesus com seus discípulos e depois com Tomé afloram os ensinamentos sólidos do Mestre para eles e para toda a Igreja até os dias de hoje. Por três vezes Cristo afirma: A Paz esteja convosco. Na pandemia que vivemos nos conscientizemos de que a paz do Senhor está conosco. Não podemos nos desesperar, tranquilizemo-nos, porque Ele está no meio de nós. Depois Ele afirma aos discípulos que, como o Pai o enviou, Ele também os envia para a missão e a todos nós em qualquer circunstância, mesmo na que nos encontramos. Jesus sobrou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. Isto nos faz lembrar o que está no Gênesis, quando "Deus formou o homem com o pó da terra e soprou em suas narinas o sopro da vida, e o homem tornou-se um ser vivente"(Gn2,7). Todos nós recebemos o sopro da vida, presente de Deus. Temos que valorizá-la e resguardá-la com carinho, porque Deus não nos criou para a morte, mas para a vida. No sopro do Espírito Santo sobre os discípulos, ocorreu o nascimento espiritual deles. O nosso nascimento espiritual aconteceu no batismo e ficamos repletos do Espírito. Por isso sejamos dóceis e que Ele nos leve aonde quiser e a quem precisar de consolo, de perdão, de ternura. Cristo, reconhecendo a nossa fragilidade, porque somos pecadores, instituiu o sacramento da reconciliação: a quem perdoardes os pecados, serão perdoados e a quem retiverdes, serão retidos.  No momento atual, rezemos pelos agonizantes, para que eles, antes do último suspiro, se convertam e se reconciliem com Jesus. O coronavírus é tão agressivo que afasta os familiares dos moribundos, deixando-os sozinhos e isolados e assim muitos falecem. Ruptura violenta!

Tomé, no encontro dos discípulos com Jesus, era o único ausente. Penso eu que ele, atônito, procurava pelo Mestre, diante das diversas informações desencontradas sobre Ele. Ao se encontrar com os discípulos, estes afirmaram que viram o Senhor. Tomé deve ter raciocinado: mais uma notícia sem fundamento e respondeu taxativamente:" Se eu não vir o sinal dos pregos em suas mãos, se não puser meu dedo na marca dos pregos e se não colocar minha mão em seu peito, não acreditarei." Tomé estava no limite de sua procura, junto com os outros discípulos. Jesus entra, mesmo com as portas fechadas, como nos encontramos hoje, e acalma a todos, afirmando que a paz esteja convosco. Dirige-se a Tomé e de forma direta pede que ele ponha o dedo em suas chagas e não seja incrédulo. Tomé extasiado exclama: Meu Senhor e meu Deus! Jesus respondeu que ele acreditou porque viu, mas felizes os que não viram e acreditaram. Nós muitas vezes procedemos como Tomé, principalmente nesta pandemia. Mas Ele está presente, basta que abramos os olhos de nossa alma e sintamos a sua paz que nos conforta. As suas chagas são de amor e encontram-se abertas nos desempregados, nos que passam fome, nos que sofrem por parentes acometidos pelo coronavírus, nos que perderam entes queridos, nos depressivos, nos moradores de rua, na coragem e disponibilidade dos que trabalham na rede de saúde e dos serviços essenciais. Encontramo-nos ansiosos, é verdade, mas Deus está conosco, com suas chagas abertas para nos acolher, nos abrigar, nos consolar e providenciando o melhor para cada um de nós. O nosso grito de guerra seja sempre: MEU SENHOR E MEU DEUS!  Eu creio, aumenta a minha fé! (Jo 20, 10-29).

                                                     José Adriano Gonçalves-MLR

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