No encontro
de Jesus com seus discípulos e depois com Tomé afloram os ensinamentos sólidos
do Mestre para eles e para toda a Igreja até os dias de hoje. Por três vezes
Cristo afirma: A Paz esteja convosco. Na pandemia que vivemos nos
conscientizemos de que a paz do Senhor está conosco. Não podemos nos
desesperar, tranquilizemo-nos, porque Ele está no meio de nós. Depois Ele
afirma aos discípulos que, como o Pai o enviou, Ele também os envia para a
missão e a todos nós em qualquer circunstância, mesmo na que nos encontramos. Jesus
sobrou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. Isto nos faz lembrar o que
está no Gênesis, quando "Deus formou o homem com o pó da terra e soprou em
suas narinas o sopro da vida, e o homem tornou-se um ser vivente"(Gn2,7).
Todos nós recebemos o sopro da vida, presente de Deus. Temos que valorizá-la e
resguardá-la com carinho, porque Deus não nos criou para a morte, mas para a
vida. No sopro do Espírito Santo sobre os discípulos, ocorreu o nascimento
espiritual deles. O nosso nascimento espiritual aconteceu no batismo e ficamos
repletos do Espírito. Por isso sejamos dóceis e que Ele nos leve aonde quiser e
a quem precisar de consolo, de perdão, de ternura. Cristo, reconhecendo a nossa
fragilidade, porque somos pecadores, instituiu o sacramento da reconciliação: a
quem perdoardes os pecados, serão perdoados e a quem retiverdes, serão
retidos. No momento atual, rezemos pelos
agonizantes, para que eles, antes do último suspiro, se convertam e se
reconciliem com Jesus. O coronavírus é tão agressivo que afasta os familiares
dos moribundos, deixando-os sozinhos e isolados e assim muitos falecem. Ruptura
violenta!
Tomé, no
encontro dos discípulos com Jesus, era o único ausente. Penso eu que ele,
atônito, procurava pelo Mestre, diante das diversas informações desencontradas
sobre Ele. Ao se encontrar com os discípulos, estes afirmaram que viram o
Senhor. Tomé deve ter raciocinado: mais uma notícia sem fundamento e respondeu
taxativamente:" Se eu não vir o sinal dos pregos em suas mãos, se não
puser meu dedo na marca dos pregos e se não colocar minha mão em seu peito, não
acreditarei." Tomé estava no limite de sua procura, junto com os outros
discípulos. Jesus entra, mesmo com as portas fechadas, como nos encontramos
hoje, e acalma a todos, afirmando que a paz esteja convosco. Dirige-se a Tomé e
de forma direta pede que ele ponha o dedo em suas chagas e não seja incrédulo.
Tomé extasiado exclama: Meu Senhor e meu Deus! Jesus respondeu que ele
acreditou porque viu, mas felizes os que não viram e acreditaram. Nós muitas
vezes procedemos como Tomé, principalmente nesta pandemia. Mas Ele está
presente, basta que abramos os olhos de nossa alma e sintamos a sua paz que nos
conforta. As suas chagas são de amor e encontram-se abertas nos desempregados,
nos que passam fome, nos que sofrem por parentes acometidos pelo coronavírus,
nos que perderam entes queridos, nos depressivos, nos moradores de rua, na
coragem e disponibilidade dos que trabalham na rede de saúde e dos serviços
essenciais. Encontramo-nos ansiosos, é verdade, mas Deus está conosco, com suas
chagas abertas para nos acolher, nos abrigar, nos consolar e providenciando o
melhor para cada um de nós. O nosso grito de guerra seja sempre: MEU SENHOR E
MEU DEUS! Eu creio, aumenta a minha fé!
(Jo 20, 10-29).
José Adriano Gonçalves-MLR
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