ACOLHEDOR,
CARIDOSO E PROTETOR DOS IMIGRANTES.
São João Nepomuceno Neumann foi o
primeiro Santo Redentorista da América, que nasceu na Boêmia, República Tcheca,
que atravessou o oceano para se tornar sacerdote. Seus pais, Felipe e Alice,
tiveram seis filhos. Estudou filosofia com os Padres Cistercienses. Sua mãe
manifestou o desejo de vê-lo padre. Ele
interessou-se pelo seminário e, com seu amigo Adalbert, inspirou-se no Apóstolo
Paulo para ser missionário. Ele conheceu uma organização fundada pelo Imperador
da Áustria em memória de sua filha Leopoldina, Imperatriz do Brasil, esposa de
Dom Pedro I. Essa sociedade oferecia ajuda financeira às missões e publicava
revistas. Estudou na Universidade de Praga, onde viveu grandes decepções, face
ao anticlericalismo e Josefismo reinantes. Seu diretor espiritual, Pe. Hermann,
tinha contatos com os bispos Americanos, o qual facilitou seu ingresso nos EUA. Foi ordenado em 1836 na cidade de Nova
Iorque.
Sua ida e estada em Rochester (New
York/EUA), onde eram poucos os padres com facilidades em outras línguas para
atender aos imigrantes, resignificou o seu anseio missionário. Foi aí que
conheceu o Pe. Prost, Superior dos Redentoristas, e conversaram sobre as
proezas dos primeiros redentoristas americanos. Uma frase do superior martelou
o seu coração: “É muito perigoso, para qualquer missionário, viver muito tempo
só”. É o “Vae Soli” que significa “aí do solitário”. E em tantas outras cidades
trabalhou com os imigrantes nos EUA em busca de sonhos. Ele, impressionado com
o trabalho missionário dos redentoristas aos 29 anos, em 1840, escreveu ao Pe.
Prost: “Quero ser admitido na Congregação do Santíssimo Redentor”.
Depois de um ano de noviciado professou
os votos evangélicos, desenvolvendo assim um trabalho ardoroso no oeste da
Pensilvânia/EUA. Ele percebeu que não queriam apenas rezar nas igrejas, mas
precisavam de trabalhos e salários. Decidiu, então, fundar a Associação Santa
Filomena, onde uma de suas regras era que os trabalhadores contribuíssem com o
salário de uma hora de trabalho para sua manutenção e finalidade de formar as novas
gerações. Era o confessor e diretor espiritual de Dom Kenrick, Bispo de Filadélfia,
o qual em uma de suas direções brincou sobre sua pequena estatura: “Acho que se
o Senhor ganhar uma mitra ficará a minha altura?” Como todo redentorista, ele ficou
inquieto e não aspirou ao episcopado. Mas, em 1851, o Arcebispo de Baltimare,
informou-lhe sobre sua nomeação para bispo de Filadélfia, em sinal da vontade
de Deus.
Ele foi ordenado Bispo na Igreja Santo
Afonso, em Baltimore, pelas mãos de Dom Kenrick, seu dirigido espiritual. Exerceu
seu episcopado com zelo e dedicação pastoral. Sofreu críticas por parte de
setores hostis da sociedade. Promoveu uma linha pastoral de proximidade junto ao
povo. Escreveu um catecismo em alemão. Chegou a ser chamado de “carrasco” pelos
meios de comunicação da época, ao cobrar clareza dos leigos no uso dos bens da
Igreja. Revitalizou o atendimento das confissões e pastorais nas igrejas.
Instituiu a adoração de quarenta horas que fez sucesso na sua diocese. Incentivou
a criação de 34 escolas paroquiais que ensinavam cultura e religião a mais de
nove mil crianças. Faleceu em 5 de janeiro de 1860 indo à estação de trem,
depois de ter enviado um cálice com patena para uma paróquia do interior que
tinha apenas um cálice quebrado, quando retornava para casa. Foi canonizado
Santo da Igreja em 1977, pelo Papa Paulo VI.
Por fim, amar ao estilo desse homem
consagrado, bispo e santo, significa acolher o diferente, através do cultivo do
olhar que não encoleriza e despreza. O amor nessa visão redentorista é muito
difícil de vivê-lo, pois supõe deixar o outro ser ele mesmo. Portanto,
diferente. É esse o amor que Jesus nos pede: “Amai-vos uns aos outros”. É esse
o carisma redentorista: “Amar aqueles que ninguém quer amá-los, para que
continuemos sendo memórias vivas e fiéis do Redentor”.
Pe. José
Geraldo de Souza, C.Ss.R. (Reitor)
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